sexta-feira, 1 de março de 2013

Evangelista Miranda: O Poder Escandaloso da Graça

Evangelista Miranda: O Poder Escandaloso da Graça: Resposta à tese de John Owen  A incoerência Calvinista X O extremismo Arminiano Escrevo este artigo porque ao longo dos séculos,...

O Poder Escandaloso da Graça



Resposta à tese de John Owen
 A incoerência Calvinista X O extremismo Arminiano
Escrevo este artigo porque ao longo dos séculos, se tem discutido muito a cerca destes dois pontos de vista, sem levar em conta, que, apesar de haver boas intenções em ambos os raciocínios, tanto um quanto o outro, reduzem o sacrifício de Cristo a mero detalhe – o que é inconcebível.
Calvino defende que, não importa o que uma pessoa faça ou deixe de fazer, se Deus a quiser salvar ou condenar,  Ele o fará, pois isto já está pré-definido.
Por outro lado Arminius diz; É de total responsabilidade do homem, salvar-se ou não.  Quer dizer, se um homem não quiser a Graça, não importa o que Deus faça, não poderá salvá-lo.
O fator principal desta controvérsia é que o evangelho é um misto de simplicidade e profundidade, que se não for pensado à luz do Espírito Santo confundirá até os mais renomados eruditos. Não sou a favor de rótulos por defender um ou outro ponto de vista, ou seja, não quero ser chamado de arminista, mas não posso concordar com Calvinismo e vou dizer por quê.
Por estes dias, recebi de meu pastor um pequeno livro,  ao presentear-me com a obra o ministro recomendou-me que o examinasse e fizesse algumas considerações a cerca da teoria exposta pelo autor, o que fiz com prontidão e prazer.  Trata-se do livro “Por Quem Cristo Morreu?” – um resumo da obra de John Owen intitulado “A Morte da Morte na Morte de Cristo” publicado em 1647, na Inglaterra. Este tratado é um clássico na doutrina da Predestinação, segundo seus defensores é uma tese difícil de ser refutada, mas suas bases são inconsistentes por fundamentar-se em um único pilar principal, o qual professa o seguinte argumento:
Se Deus quis salvar toda a humanidade, então porque todos os homens não são salvos?  Teria Deus fracassado?  E se Deus não fracassou – o que é o correto a se pensar, só existe uma explicação possível para justificar o fato de alguns homens serem salvos e outros não: Deus salvou através do sacrifício de Cristo, apenas quem Ele queria salvar. Neste contexto Deus alcançou o seu objetivo. PP.22, 23, 94,95 – livro Por Quem Cristo Morreu? –Editora PES
Em sua obra John Owen expõe sua dificuldade em aceitar que Cristo tenha feito um sacrifício  universal, sem que todos os homens tenham sido alcançados pelo benefício de sua morte, por isto Owen tenta justificar sua incompreensão minimizando o significado das expressões: “o mundo”, “todas as famílias da Terra”, “toda a carne”, “todos os homens”,  “o Desejado das nações”, “todas as tribos” etc.  Owen retira a natureza universal destas expressões limitando-as a um caráter coletivo restrito, Ex:  Um professor diz aos seus alunos – “Todo mundo deverá participar da dinâmica!” – sendo que a expressão, “todo mundo”, usada pelo professor, foi apenas para designar a coletividade da sala e não que “todo o mundo”(Universo) deveria participar da dinâmica.  Mas esta interpretação não se coaduna com a ideia principal dos textos bíblicos. Quando Deus fala em salvar toda a humanidade, Ele está expressando o seu desejo maior e real de resgatar toda a raça humana, porém o Senhor não fará isto com prejuízo do livre-arbítrio que Ele mesmo concede ao homem, pois seria contra Sua natureza, que é de dar às pessoas a liberdade de escolha. ”Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” Deuteronômio 30:19.  Deus não quer ser amado por pessoas programadas, como se fossem máquinas, Ele espera que isso parta de nós como uma criança ama sua mãe apenas por amar, sem interesse, ou medo de ser punida se não o fizer. Não podemos amar a Deus por medo de ir para o inferno, isto não é amor. Definitivamente, Deus não nos predestinou para a Salvação ou Morte Eterna por mero capricho, pois se trata de algo relevantíssimo. Oras, mas alguém poderá dizer: a Bíblia está cheia de exemplos em que Deus predestinou alguém para fazer a sua vontade, e isto é verdade, pois O Senhor predestinou o faraó dos tempos mosaicos, mencionou o rei Ciro antes de seu nascimento, chamou Jeremias desde o ventre, pegou pesado com Jonas, selecionou os discípulos a dedo, predestinou a Paulo e disse que Judas já era filho da perdição, diante de tantas testemunhas fica difícil dizer que Deus não predestina pessoas. Mas, não podemos ignorar que todos estes personagens foram selecionados para uma causa específica, cujo propósito era em primeiro lugar; glorificar a Deus, e em segundo lugar, atuar em um momento da história para que seu plano no contexto humano fosse executado, estas pessoas não foram predestinadas para serem salvas ou perdidas, a Bíblia nunca disse isto. Vejamos:
●Deus endureceu o coração de faraó para nele ser glorificado.
●Anunciou o nascimento do rei Ciro, quase duzentos anos antes, para restaurar a dignidade do povo     hebreu.
●Chamou a Jeremias desde o ventre, para ser profeta.
●Irou-se com Jonas quando este se recusou a pregar em Nínive.
●Escolheu e nomeou os discípulos para que fossem e dessem frutos.
●Jesus foi traído por Judas, para que se cumprissem as escrituras a seu respeito, mas o próprio Jesus disse que Judas era um diabo (pois sua natureza era má).
●A cerca de Paulo Ele disse: este é para mim um vaso escolhido.
Como podemos ver, estas pessoas atuaram dentro de um plano específico na historia, como cada um de nós temos um propósito em nossas vidas, mas elas não podem ser salvas ou condenadas pelo que fizeram, pois a salvação não vem de obras, o próprio apóstolo Paulo diz: “Não julgo ter alcançado...”Fl.3:13,  e as escrituras afirmam que todos pecaram e destituídos estão da Gloria de Deus. Rm. 3:23.
A salvação é algo sobremodo glorioso para ser tratado de forma tão simplista, e a perdição eterna, é a condenação mais aterradora e indescritível que um ser humano pode receber - é o castigo definitivo e irremediável. É a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Condenação eterna quer dizer, castigo sem recurso por toda eternidade sem purgatório ou um novo julgamento. Foi por isto que Deus enviou nada menos que seu próprio Filho, pois ninguém jamais poderia cumprir a justiça de Deus.
FORTES ARGUMENTOS DA PREDESTINAÇÃO
Mas alguém ainda poderá dizer que nas escrituras há textos irrefutáveis, onde a ideia de perdição ou redenção seletiva é inegável, exemplos:
Em Rm. 9:11-13 as Escrituras dizem que Deus predestinou a Esaú e Jacó antes de nascerem para que o seu propósito segundo a eleição ficasse firme e continua dizendo que o Senhor amou a Jacó e aborreceu a Esaú antes mesmo que eles fizessem algo bom ou ruim.
Em Rm. 9:15-18 está escrito que Deus se compadece de quem Ele quer, e tem misericórdia de quem quiser ter misericórdia, de modo que não depende de nós, mas do Senhor, que tanto pode endurecer o coração do homem, quanto compadecer-se dele. O texto continua, indagando o leitor – Quem é o homem para questionar a Deus, se Ele quis fazer um vaso para honra e outro para desonra?
No versículo 4 da carta de Judas está anunciado que entraram no meio do povo, alguns homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, mas já haviam sido escritos para este juízo.
Em l Pedro 2:8-9 o apóstolo nos informa que Cristo foi posto como pedra de tropeço, para aqueles que tropeçam na Palavra sendo desobedientes; para o que também foram destinados. O escritor continua dizendo que os crentes são a Geração Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa e Povo Adquirido, para anunciar as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.
Também encontramos o Senhor dizendo em Isaias 6: 9-13, que o profeta deveria pregar, porém o povo não deveria entender a fim de que não se convertessem e o Senhor os curasse. Parece que Deus está deliberadamente permitindo que o povo não se converta até que tudo esteja destruído. Esta mesma ideia é reforçada por Cristo em Mateus 13: 10-17.
A PREDESTINAÇÃO DENTRO PROPÓSITOS DE DEUS DENTRO
Diante de tantos textos aparentemente concordando com a doutrina da predestinação, fica difícil argumentar uma posição contrária. Mas, a mensagem do evangelho deve ser descortinada em sua totalidade, ou seja, devemos considerar o que está implícito em cada ação de Deus em relação à humanidade num determinado momento, e o desdobramento desta ação ao longo da nossa história. Desta forma podemos entender que toda a rejeição visivelmente proposital que o Senhor tem pelo povo de Israel em determinado momento, redunda na expansão do evangelho até nós, os gentios. Imagine que o povo Hebreu não houvesse rejeitado a Cristo, que por sua vez não seria sacrificado, ou que Paulo nunca fosse refutado pelos seus compatriotas, ou se a igreja de Jerusalém nunca fosse dispersa pelos quatro cantos do mundo devido à perseguição, o resultado disto seria simplesmente catastrófico para nós, que jamais ouviríamos dizer que houvesse um Salvador. Mediante isto só nos resta dizer: Ainda bem que o faraó não abriu um largo sorriso de boas vindas a Moisés permitindo que ele levasse o povo de Israel à liberdade - o que pareceria mais um gesto de boa vontade do faraó e um ato heroico de Moisés do que uma ação soberana do Senhor a fim de mostrar a sua grandeza.  Glória a Deus que em determinado momento tapou os ouvidos de seus escolhidos, para que nós fossemos alcançados. Graças a Ele que sacrificou a vida dos primeiros crentes para que a igreja se expandisse. Louvado seja o Senhor que permitiu que Paulo fosse lançado a pregar o evangelho por todo o mundo conhecido daquela época, por amor de nós! Porém o apóstolo Paulo também se regozija ao vaticinar que no final de tudo Deus também salvará aqueles que o rejeitaram e se opuseram a Ele, qual José que soube discernir que todo o mal que seus irmãos lhe fizeram resultou em algo imensuravelmente melhor.  Sobre este assunto o Ap. Paulo usa três capítulos da Carta aos Romanos – vide Rom. Cap. 9 ao 11.  Neste trecho da epístola, Paulo nos informa que, já de antemão, o Senhor rejeita Esaú e escolhe a Jacó.  Por quê? Porque Jacó era bonzinho e Esaú era um crápula?  Não, definitivamente não! O apóstolo nos ensina que Deus fez assim porque já tinha um plano pré-definido na execução da redenção humana, não foi algo que Ele estava criando conforme as circunstâncias pra saber  o que iria acontecer depois, neste cenário já estavam previstos indivíduos comuns, reis, profetas, escritores, imperadores e perseguidores, pois estes seriam os componentes necessários para que se executasse a “Obra da Redenção” e todas as coisas concorreram juntamente para o bem daqueles que amam ao Senhor e que foram chamados segundo o seu propósito. Rom. 8:28.  E o propósito de Deus é que todos os homens se salvem, pois está escrito: “Se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo... porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” Rom. 10:9,13. Neste raciocínio podemos dizer que todas as pessoas que se levantaram contra a Igreja ao longo da história o fizeram por ignorância, ou para um propósito específico do Senhor em sua vida. E a hostilidade destas pessoas ao evangelho criou em nós a resistência necessária para atravessarmos os séculos com todas as suas intempéries – muitos de nossos perseguidores, creio eu, foram levantados pelo próprio Senhor para nos despertar em certa altura de nossa caminhada até o Reino Celestial, portanto não os vejo como perdidos mas como instrumentos. E a não ser que cada um de nós, bons ou maus, confessemos o senhorio do Senhor Jesus Cristo, jamais seremos salvos. É por isto que Paulo fecha o assunto fazendo uma das declarações mais poderosas do evangelho, quando diz: “Irmãos não quero que ignoreis este mistério, para que não se tornem presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo...” Rom. 11:25-26.  O apóstolo continua dizendo ainda, que o povo judeu tornou-se inimigo de Deus por nossa causa, assim como nós, noutro tempos também o fomos, mas eles também alcançarão misericórdia como nós alcançamos, a fim de que a graça seja igualmente eficaz para todos, pois Deus colocou todos sob a desobediência. Neste momento o profeta apostólico parece entrar em êxtase espiritual e recita o cântico de adoração:
“Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis são os seus caminhos. Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu para que Ele o recompense? Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amem.”          
Mas, voltando à tese de John Owen, como já disse anteriormente, o autor não concebe a ideia de que Cristo quis salvar toda a humanidade, porque nem toda a humanidade foi salva.  Owen conjectura -  Se Deus quis salvar a todos os homens, porque não conseguiu? Teria Cristo falhado em seu plano?   Se a resposta for Sim, Colocamos em cheque toda a credibilidade do Evangelho e estamos encrencados.  Se a resposta é Não, então há só uma explicação plausível: O sacrifício de Cristo foi eficaz dentro de seu propósito, ou seja, Deus salvou a todos que Ele quis salvar, se o restante da humanidade não foi salva, não foi porque Cristo falhou, simplesmente, Ele não quis salvar e ponto. Pois ninguém pode resistir a Graça!  Deus não Falha.  Este argumento soa de forma piedosa, e exprime um pensamento de fidelidade e temor a Deus, mas, não ultrapassa o limite da razão humana para tentar explicar o que só pode ser entendido à luz da Palavra de Deus e segundo a revelação do Espírito Santo. 

CONFUSÃO HERMENÉUTICA
Na defesa de seu ponto de vista, Owen explica o texto de João 3:16 da seguinte forma: Quando a Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna; Não se está falando que Deus amou o Mundo generalizado ou universal (todos os homens). Mas sim, o mundo dos escolhidos, quer dizer, o mundo aqui explicado, é como se uma pessoa dissesse aos seus amigos: “Pessoal, entre vocês, eu amo todo mundo, sem distinção.” A expressão “mundo” foi empregada apenas para definir a coletividade dos amigos, e não que a pessoa ame o mundo inteiro.
Supomos então que esta interpretação estivesse correta – “Deus amou o mundo (dos escolhidos) de tal maneira que deu o seu filho unigênito,...”.  Neste caso teríamos um problema maior ainda por conta do restante do texto -  “...para que todo aquele que nele crer, não pereça mas tenha a vida eterna.”
Note que o texto original impõe uma clara condição: para quê todo aquele que nele crer
Ainda que “o mundo”exposto por Owen fosse mesmo apenas um grupo de pessoas pré-definido ou eleito, dentro deste grupo, segundo o texto, ainda haveria a possibilidade de alguém não crer, do contrário não haveria a necessidade de se mencionar esta condição. Neste caso o fracasso seria ainda maior, porque alem de ser um grupo menor que toda a humanidade, dentro deste grupo ainda haveria  os que podem não ser salvos por não crerem. Em outras palavras, a diminuição do termo mundo não justifica a doutrina da pré-eleição.
A FÉ COMO CONDICIONANTE PARA A SALVAÇÃO
Os defensores do movimento calvinista afirmam que Deus não pode exigir do homem que este creia para ser salvo, pois a fé que o as pessoas precisam para serem redimidas vem do próprio Deus. Nesta teoria o homem por si só, não pode exercer a fé, pois o ser humano está morto em suas concupiscências.  Exercer a fé não depende dele, mas de Deus.  A passagem bíblica para justificar esta afirmação é o clássico: Efésios 2:08 – “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.”  John Owen explica com este texto, que até a fé para sermos salvos é obra exclusiva do Espírito Santo. Nós não podemos, ainda que queiramos, ter fé. Pois a fé para salvação é dada apenas a quem Deus quer que seja salvo. Portanto, as pessoas que tem esta fé, são aquelas que o Senhor já predestinou. E isto lhes foi dado pela Graça, “não vem de vós”.           Porém, o foco principal do texto em apreço (Efésios 2:08), não é a Fé, e sim a Graça, pois é a Graça  que não vem de nós, ela foi nos dada gratuitamente da parte de Deus. Partiu de ele abrir o caminho da reconciliação, foi dele que veio a iniciativa. Partiu do coração de Deus nos enviar Jesus Cristo e pagar o preço da nossa redenção. E é neste sentido que o Apóstolo Paulo afirma – “Isto não vem de vós, é dom de Deus.”  E Cristo morreu por nós, porque, todo e qualquer esforço humano para tentar pagar o preço da reconciliação fracassou e fracassará, pois sabemos que todas as religiões, cerimônias e rituais pagãos, inclusive com sacrifícios terríveis, jamais foram eficazes na tarefa de reconciliar o homem com Deus, pois estávamos mortos em nossos pecados. Mas a Bíblia nos conforta quando lemos: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados..." 2 Coríntios 5:19. Quando a Bíblia diz que estamos mortos em nossos pecados. Ef. 2:1-5, devemos entender que não se trata da morte de nossas consciências, mas do estado de separação que o pecado causou entre Deus e nós. Esta condição nos tornou seres deploráveis e promíscuos por falta da vida de Deus em nós. E separação de Deus é a morte.  Mas quanto à nossa consciência, ela está bem viva e nos condena. Vejamos o que o texto sagrado nos diz: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:14-16.  Portanto os homens estão separados de Deus por causa do pecado e mortos em suas obras, porém nossas almas anseiam por redenção como toda a criação.  Então qual o papel da fé na redenção? A resposta está no próprio texto de Efésios 2:08 – Porque pela graça sois salvo, mediante a fé.- A fé é o agente mediador, ou seja, é o instrumento que o Espírito Santo usa para nos comunicar a salvação.  O homem é um ser dotado da capacidade de crer, pois isto lhe é inerente dada a sua natureza mental e espiritual, por isto invariavelmente o homem está sempre buscando uma forma de crença ou adoração. Em todas as gerações e espécies de povos, a raça humana anseia pelo transcendental e isto é inegável. A ação do Espírito Santo é direcionar esta fé para o Deus Verdadeiro. Logo a fé é um pré-requisito para que o homem se chegue a Deus, pois sem fé é impossível agradá-LO. E todos nós de maneira ativa ou adormecida possuímos esta fé naturalmente, por isto o Evangelho nos conclama dizendo: “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá!” Efésios 5:14.  Foi por causa desta fé congênita nos homens que Paulo encontrou em Atenas um panteão de deuses, e entre esses, viu um altar ao “Deus Desconhecido” cujo assunto tornou-se o tema da pregação do apóstolo.

A FÉ COMO EXIGÊNCIA DE DEUS
Apesar de Owen afirmar que Deus não pode exigir que o homem tenha fé por si próprio, a Bíblia está permeada de textos onde o Senhor repreende o homem por não ter fé, e em outras situações o Senhor coloca a fé como necessária para que Ele opere em favor do homem. Vejamos algumas passagens bíblicas onde o homem é repreendido por ser incrédulo:
Homens de pouca fé e tardios para crer – Mateus 6:30, Lucas 24:25, Marcos 4:40, João 5:47, João 6:36,  João 20:27,  Marcos 16:14, Lucas 1:20 etc.
Reprovados na fé – II Timóteo 3:08, I Timóteo 1:19, I Timóteo 4:01, I Timóteo 5:08, I Timóteo 6:10, Hebreus 3:19, Apocalipse 21:08.
A fé como  condicionante para a ação de Deus – Marcos 16:16, João 8:24, João 3:36, João 9: 35 Atos 16:31, Hebreus 11:06, Tiago 2:23, Lucas 17:06, etc.
O Irmão John Owen, também insinua que a falta de fé não pode ser considerada pecado, visto que é independente da vontade humana.  Mas as escrituras relacionam a incredulidade como um dos pecados que levarão o homem para a morte eterna, vide Apoc. 21:08. Mas se Deus não me deu a faculdade de exercer a fé, como Ele poderia me condenar por isto. Seria o mesmo que condenar um gato por não latir, ou um professor reprovar um aluno por uma matéria que ele não ensinou.           Isto é um contra senso ridículo. Logo, só podemos deduzir que a fé seja algo inerente ao homem, e isto foi dado por Deus a cada ser humano. Todos nós podemos exercer a fé. Ao homem cabe a escolha de querer crer ou não. É Por isto que as escrituras estão cheias de passagens convidando o homem a crer no evangelho, Porém, se crer está além de sua vontade, ele jamais poderia responder a este apelo positivamente e o convite não teria sentido algum.
O Espírito Santo entra em ação todas as vezes que ouvimos o evangelho, mas cabe ao homem abrir o coração e permitir que a palavra entre e produza a transformação em sua alma, foi por isto que Jesus disse: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. Apocalipse 3:20. E diferente do que dizem os prédestinistas, os homens podem sim, resistir à graça, do contrário não haveria necessidade de adverti-los contra esta prática, vejamos:   “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Hebreus 3:7-8  E ainda:  “Determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações.” Hebreus 4:7.    Ler também:  “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”. Atos 7:51.  E em II Timóteo 3:7-8 está escrito: “Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.”
Owen também diz que, se Cristo pagou por todos os homens, mas só está levando alguns, seria o mesmo que dizer que alguém pagasse por uma dúzia de ovos e só levasse  a metade. E isto ninguém faz. Mas o fato de parte dos homens rejeitarem a Graça, não faz o sacrifício de Cristo menor, pois Ele deixou bem claro que vale a pena deixar tudo por uma alma. Vale a pena deixar as noventa e nove ovelhas no aprisco pra buscar a perdida. Sim, Deus amou toda a humanidade, e veio por cada homem nascido na terra. Pela Graça somos salvos!
O desejo Real de Deus
A Bíblia é totalmente clara quando fala do desejo de Deus para com o homem (raça humana), pois Ele diz em sua palavra: Dize-lhes:Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ezequiel 33:11.  Em I Timóteo 2: 1-4 o Evangelho nos diz: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”   Logo, se Deus quer que todos os homens se Salvem, então a salvação não é somente para alguns. Pois se assim o fosse, este texto seria uma mentira, ou estaria no mínimo, mal formulado, mas manter esta opinião só para defender uma posição teológica, é entrar por uma vereda muito perigosa.
QUAL É MAIOR: O PECADO OU A GRAÇA?
Coloquemos outra questão em discussão. Se o pecado é universal, visto que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte passou a todos os homens, Rom. 5:12, também é verdade que por Cristo veio a Graça a todos os homens. Rom. 5:18. E se o pecado passou a todos os homens e a Graça veio apenas para alguns, segue que o poder do pecado é maior que a eficácia da Graça, ou que Deus esteja mentindo quando afirma em Ezequiel 33:11, que não tem prazer na morte do pecador, pois neste caso Ele não estaria interessado em salvá-lo. Isto chega ao limite não só de minimizar o Sacrifício de Cristo, como de soar como blasfêmia, pois a Bíblia é categórica ao afirmar: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” Romanos 5:18-21. A Graça é maior. Aleluia!
A ABRANGÊNCIA DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
Outra dificuldade que impede Owen de entender a universalidade do amor de Deus, é o fato de Milhões de pessoas morrerem sem jamais ouvirem falar de Cristo, daí sua indagação: Se Deus quer que todas os homens se salvem, porque permite que elas morram sem nunca ouvir falar de salvação? Parece uma pergunta pertinente, visto que é uma dúvida da grande maioria das pessoas, mas esta é uma suspeita que perdura até nos apercebermos de algumas verdades.
1 – Jesus pagou de uma só vez, e em um único ato, o preço de nosso resgate. Rom. 5:18.  Quando Adão pecou, toda a raça humana adquiriu por herança a condenação do pecado. Todos deveriam pagar. Em que consiste este pagamento? – Cumprir a justiça de Deus. Porém isto seria impossível ao homem por causa de sua natureza pecaminosa. Então veio Cristo e cumpriu toda a justiça de Deus, através de sua morte justificou todos os homens. Gálatas 4:4. Quando Cristo expirou na cruz,o véu do templo foi rasgado e o caminho ficou livre para todos os homens quer judeus quer gregos, livres ou servos. A partir daí, Deus não poderia cobrar da humanidade algo que seu próprio Filho já pagou. Sendo assim, Cristo readquiriu o direito de toda a humanidade voltar a Deus, sem distinção. Isto é tão sério e importante que o apóstolo Pedro nos escreve que até mesmo os que morreram antes de Cristo foram por Ele evangelizados no mundo espiritual: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.” 1 Pedro 3:18-20. E ainda “Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito.” 1 Pedro 4:6. E isto é confirmado em Efésios: “Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro,..”.Efésios 4:8.
2 O Poder do Sacrifício de Cristo, Ultrapassa  as  Fronteiras  Eclesiásticas.                            Poderá Alguém perguntar ainda. “E os milhões que morreram após a ressurreição de Cristo, sem nunca ouvirem dizer que há um salvador, pois a Igreja jamais conseguiu alcançar a todos?” Digo que também, Cristo morreu por eles, e terá sua maneira de julgá-los, pois eles estão incluídos no preço do resgate. A respeito destes disse o Senhor: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe  pedirá”Luc. 12:47.48 Isto deixa claro que haverá um grau de rigor para cada pessoa, segundo o seu conhecimento da justiça. Outro texto que reforça este pensamento está em Lucas 10:12-14, quando o Senhor diz: “E digo-vos que mais tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade. Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco e cinza, se teriam arrependido. Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no juízo, do que para vós.” A Bíblia também nos informa que ainda que o homem não conheça a Deus, como nos foi revelado pelo Evangelho, contudo ele será julgado pelas leis universais que Deus estabeleceu no coração de cada ser humano e estas leis são expressas em suas consciências de acordo com o Evangelho de Cristo. Em outras palavras o Evangelho apenas revela o que está oculto na consciência do Homem. A cerca disto o Apóstolo Paulo nos assevera: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:14-16. C.S.Lewis, chama esta ação da consciência de Lei Moral ou Lei da Natureza Humana.  Chego a conclusão de que, ainda que uma pessoa não tenha conhecido o evangelho, isto não muda o fato de que o preço da expiação já tenha sido pago por ela, pois Cristo morreu por nós, independentemente de o termos conhecido. Pressupõe-se que as pessoas que não ouviram o Evangelho serão julgadas por suas consciências, e isto é facultado apenas ao homem e a nenhuma outra criatura na Terra. A própria natureza revela a manifestação divina. O homem é dotado de alma, e esta alma atesta a existência de Deus, que lhe impõe preceitos morais e éticos, para fazer o certo ou o errado conforme sua consciência e isto é confirmado em Romanos 1: 18-25  “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.”  Este texto mostra que o homem é por natureza um ser religioso, basta observar as milhares de divindades criadas e a busca por um ser sobrenatural nos céus, nos rios e na natureza, além da enorme gama de religiões. Isto nos mostra uma humanidade ávida por aproximar-se de Deus, porém sem direção. Dizer que estes bilhões de pessoas serão lançados no Lago Que Arde Com Fogo e Enxofre irremediavelmente, porque na economia divina Deus já havia determinado que assim o seria, é fazer de Deus um ser pior que todos os deuses pagãos e contraria tudo o que Jesus falou: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” João 3:16-17.  Outrossim, Jesus jamais falou que o inferno foi preparado para o homem, mas para o diabo e seus anjos. Ainda que as pessoas que fazem a vontade do inimigo serão condenadas com ele. “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” Mateus 25:41.
O PODER  SUPERABUNDANTE  DA GRAÇA
Agora entrarei num assunto que é o outro extremo da Teologia da Salvação. Talvez este ponto de vista cause estranheza à maioria dos que já tem um conceito formado a respeito da soteriologia, o que eu aceito, e me coloco aberto à discussão.
Quando se fala de redenção, creio que as Escrituras falam de duas categorias de povos: Igreja e Salvos do Inferno.  Quero dizer que nem todos os que escaparem do Lago que Arde com Fogo e Enxofre, necessariamente são participantes da Igreja – Noiva. Sei que pareço herege ao afirmar tal coisa, mas por favor, antes de me atirarem à fogueira, deixe-me explicar o que vejo. Cabe antes de tudo pontuar que a escola que adoto é a de visão pré-tribulacionista – arrebatamento da igreja antes da Grande Tribulação, por entender que é, a que melhor se alinha a mensagem bíblica. Não quero aqui entrar na discussão sobre outras linhas de entendimento sobre o arrebatamento da Igreja, esta informação é apenas para que tenhamos um ponto de partida. Isto posto, vamos ao raciocínio.
1– A Igreja é a Geração Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa, Povo Adquirido – “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” 1 Pedro 2:9
2 - Cristo virá e arrebatará sua Igreja “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” 1 Tessalonicenses 4:16-17.  E ainda: Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.” 1 Coríntios 15:51-53, vide também, Mateus 24:30-31, Mateus 24:40-42.
3 – A Igreja participará da Primeira ressurreição - “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.” Apocalipse 20:5-6
4 – A Igreja não participará da Aflição que há de vir sobre todo o Mundo –  “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”. 1 Coríntios 11:32. E também, “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados.” 2 Pedro 2:9, e ainda, “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Apocalipse 3:10
5 – A Igreja participará do Tribunal de Cristo – “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.” Romanos 14:10. Ler também: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” 2 Coríntios 5:10, veja ainda: “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” 1 Coríntios 11:32.
6 – Este Tribunal Será para julgamento das obras dos crentes e não para salvação ou condenação – “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha. A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” 1 Coríntios 3:11-15.
7 – A Igreja julgará o mundo – “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?” 1 Coríntios 6:2
8 – A Igreja julgará os anjos – “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” 1 Coríntios 6:3
9 – A Igreja terá poder sobre as nações – “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai.”  Apocalipse 2:26-27.
10 – A igreja é Reino e Sacerdócio – “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.”         Apocalipse 5:9-10.
11 - A igreja é simbolizada como a esposa do cordeiro, A Nova Jerusalém -         “E veio a mim um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu.” Apocalipse 21:9-10.
Sintetizando as informações, temos as seguintes prerrogativas atribuídas à Igreja de Cristo:                  
1– A Igreja é a Geração Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa, Povo Adquirido.
2 - Cristo virá e arrebatará sua Igreja.
3 – A Igreja participará da Primeira ressurreição.
4 – A Igreja não participará da Aflição que há de vir sobre todo o Mundo.
5 – A Igreja participará do Tribunal de Cristo.
6 – Este Tribunal Será para julgamento das obras dos crentes e não para salvação ou condenação.
7 – A Igreja julgará o mundo.
8 – A Igreja julgará os anjos.
9 – A Igreja terá poder sobre as nações.
10 – A igreja é Reino e Sacerdócio.
11 - A igreja é simbolizada como a esposa do cordeiro, A Nova Jerusalém.
Diante de tais explicações, fica claro que a Igreja de Cristo é uma categoria de pessoas especiais, que não serão julgadas com o mundo na segunda ressurreição que se dará no juízo do Grande Trono Branco descrito em Apocalipse 20:11-15. Este julgamento ocorre após a segunda ressurreição. Nesta ocasião a Igreja já estará com Cristo reinando, pois ela já foi justificada pelo sangue do cordeiro, não tendo mais necessidade de ser julgada pois seus pecados foram apagados. O papel da Igreja neste momento será o de testemunhas de que o mundo não poderá  desculpar-se. “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta.” Hebreus 12:1 Por isto o Evangelho diz que nós havemos de julgar o mundo. “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?” 1 Coríntios 6:2.  Mas, se a igreja não fará parte dos réus, significa que quem será julgado é o restante do mundo. Porém o texto que trata deste julgamento diz:
E Aquele que não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” Apocalipse 20:15. Logo, se as pessoas que não foram achadas no Livro da Vida foram lançadas no lago de fogo, e este livro está aberto juntamente com os Livros das Obras, subentende-se que houveram pessoas que também foram encontradas no Livro da Vida, pois se fosse um cerimonial apenas de condenados não haveria a necessidade de julgamento. Portanto se houve pessoas que não foram achadas no Livro da Vida, também é válido dizer que houve pessoas que o foram. E não podemos ser ingênuos a ponto de achar que estas pessoas salvas são apenas o remanescente da Igreja que não participou do arrebatamento, pois a Igreja regerá as nações com vara de ferro e quem serão estas nações?  A Nova Jerusalém é descrita em Apocalipse 21:09, como a Esposa e Mulher do Cordeiro. Sabemos que a Esposa do Cordeiro é a Igreja. Nesta Nova Jerusalém entrarão apenas os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. As nações andarão à luz desta Nova Jerusalém e os reis da terra trarão a ela glória e honra. Apocalipse 21: 24-27. Ora se há nações que trarão tributos e honra à Noiva, logo não são a Noiva. Segue-se que Cristo não salvou apenas a Noiva do inferno. Sabemos então que a Noiva do Cordeiro é uma linhagem de salvos excelentíssima, que terá privilégios outorgados somente a ela dado a sua natureza. Mas não podemos ignorar que Deus tem um plano para todo o restante da humanidade que não está enquadrada na Igreja.
RESUMO DO RACIOCÍNIO
Concluo o meu entendimento a cerca da Graça da seguinte maneira, e sem intenção de ser profundo e muito menos de resolver a discussão, apenas pontuar o que vejo:
1 – A Igreja - é a Noiva do Cordeiro, gloriosa, santa, imaculada. Dela faz parte todo aquele que receber a Cristo Jesus como Único Senhor e Salvador, quer judeu quer gentio de todos os lugares da Terra e que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas em suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.” Apocalipse 7:9-17.
2 – O Mundo – pelo qual Jesus Cristo pagou o pecado original, cometido por Adão, cuja ação lhe trouxe a morte. “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29.    “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.” Romanos 5:18.  “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” 1 Coríntios 15:21-22.  O Mundo é composto pelo restante das nações que não participarão das glórias e nem das Bodas entre o Cordeiro e a Igreja, pois serão nações que levarão honras e tributos à noiva que os regerá com vara de ferro.  Entre estas pessoas estão aquelas que são remanescentes da igreja não arrebatada, os gerados durante o milênio e também aqueles que mesmo não tendo conhecido a Cristo, foram julgados por suas obras como já expus anteriormente, pois não tiveram a oportunidade de conhecê-lo, porém o Senhor já pagou no calvário o preço por todas elas.  Mas aí, pergunta-se. E quem vai para o inferno se Cristo livrou a todos? Não há mais a necessidade de se pregar o Evangelho?  De modo algum. O Evangelho é o anúncio veemente de que Deus não está satisfeito com a condição humana, de estar tateando entre o certo e o errado, e Cristo é a nossa referência da vontade de Deus. O desejo de Deus é que todos participem da natureza de Cristo. A vontade do Senhor é que todos participem de sua Igreja: “E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha”. Lucas 14:23. Não podemos ser mesquinhos a ponto de nos deixar levar apenas por “Livres do Inferno” pois esta condição é dada somente àqueles, não subiram no arrebatamento da Igreja e passarão pelas agruras da grande Tribulação, como também pelos que estarão aqui no Reino Milenar de Cristo e pelos que não conheceram a Cristo e nem ouviram falar de seu nome, e mesmo assim, passarão pelo crivo de suas consciências e deverão ser julgados pelos padrões do evangelho de Cristo. E isto é muito perigoso. “No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”. Romanos 2:16.  
E quanto a quem vai para o inferno? A Bíblia diz: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”. Apocalipse 21:8. Esta é uma lista de pessoas que preferiram optar pelo pecado mesmo quando suas consciências os condenaram. Também é a lista dos que negaram a Cristo mesmo conhecendo que Ele era o Único caminho de reconciliação com o Pai. Neste caso a boa nova do Evangelho foi a pior noticia que eles poderiam ouvir, pois escolheram a morte, quando lhes foi proposta a Vida. Preferiram ser Mundo, quando convidados a ser Igreja. Arriscaram alto, e perderam suas almas. Então, o que leva o homem ao inferno? – Suas escolhas.       Portanto termino dizendo o que Paulo proclamou em sua segunda carta aos coríntios: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.”                       2 Coríntios 5:19. Cristo não veio salvar apenas uma multidão que em nossa limitação, pensamos ser apenas a Noiva, mas também restaurar todas as coisas perdidas pelo pecado. Ele mesmo disse “E vim salvar o que se havia perdido. E pelo que sabemos tudo estava perdido. Logo, tudo precisava ser restaurado. Não apenas alguns. Por isto está escrito: “E o que estava assentado sobre o trono disse:  Eis que faço nova todas as coisas.  E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fieis”. Apocalipse 21:5.    Deus em Cristo, veio  resgatar o que era  seu por  direito  – A Humanidade. Pois a sua essência é Amor.    Deus é  amor. E de todos os dons, o mais excelente é o amor.  Amém.             
                                                                                                                                       Soli Deo Glória!                                                                                  Luciano Miranda Bispo
Servo do evangelho, por Graça.