Evangelista Miranda
sexta-feira, 1 de março de 2013
Evangelista Miranda: O Poder Escandaloso da Graça
Evangelista Miranda: O Poder Escandaloso da Graça: Resposta à tese de John Owen A incoerência Calvinista X O extremismo Arminiano Escrevo este artigo porque ao longo dos séculos,...
O Poder Escandaloso da Graça
Resposta à tese de John Owen
A incoerência Calvinista X O extremismo
Arminiano
Escrevo
este artigo porque ao longo dos séculos, se tem discutido muito a cerca destes
dois pontos de vista, sem levar em conta, que, apesar de haver boas intenções
em ambos os raciocínios, tanto um quanto o outro, reduzem o sacrifício de
Cristo a mero detalhe – o que é inconcebível.
Calvino
defende que, não importa o que uma pessoa faça ou deixe de fazer, se Deus a
quiser salvar ou condenar, Ele o fará,
pois isto já está pré-definido.
Por
outro lado Arminius diz; É de total responsabilidade do homem, salvar-se ou
não. Quer dizer, se um homem não quiser
a Graça, não importa o que Deus faça, não poderá salvá-lo.
O
fator principal desta controvérsia é que o evangelho é um misto de simplicidade
e profundidade, que se não for pensado à luz do Espírito Santo confundirá até
os mais renomados eruditos. Não sou a favor de rótulos por defender um ou outro
ponto de vista, ou seja, não quero ser chamado de arminista, mas não posso
concordar com Calvinismo e vou dizer por quê.
Por
estes dias, recebi de meu pastor um pequeno livro, ao presentear-me com a obra o ministro
recomendou-me que o examinasse e fizesse algumas considerações a cerca da teoria
exposta pelo autor, o que fiz com prontidão e prazer. Trata-se do livro “Por Quem Cristo Morreu?” –
um resumo da obra de John Owen intitulado “A Morte da Morte na Morte de Cristo”
publicado em 1647, na Inglaterra. Este tratado é um clássico na doutrina da Predestinação,
segundo seus defensores é uma tese difícil de ser refutada, mas suas bases são
inconsistentes por fundamentar-se em um único pilar principal, o qual professa
o seguinte argumento:
Se
Deus quis salvar toda a humanidade, então porque todos os homens não são
salvos? Teria Deus fracassado? E se Deus não fracassou – o que é o correto a
se pensar, só existe uma explicação possível para justificar o fato de alguns
homens serem salvos e outros não: Deus
salvou através do sacrifício de Cristo, apenas quem Ele queria salvar. Neste
contexto Deus alcançou o seu objetivo. PP.22, 23, 94,95 – livro Por Quem Cristo Morreu? –Editora PES
Em sua obra John Owen expõe sua
dificuldade em aceitar que Cristo tenha feito um sacrifício universal, sem que todos os homens tenham
sido alcançados pelo benefício de sua morte, por isto Owen tenta justificar sua
incompreensão minimizando o significado das expressões: “o mundo”, “todas as
famílias da Terra”, “toda a carne”, “todos os homens”, “o Desejado das nações”, “todas as tribos”
etc. Owen retira a natureza universal
destas expressões limitando-as a um caráter coletivo restrito, Ex: Um professor diz aos seus alunos – “Todo
mundo deverá participar da dinâmica!” – sendo que a expressão, “todo mundo”,
usada pelo professor, foi apenas para designar a coletividade da sala e não que
“todo o mundo”(Universo) deveria participar da dinâmica. Mas esta interpretação não se coaduna com a
ideia principal dos textos bíblicos. Quando Deus fala em salvar toda a
humanidade, Ele está expressando o seu desejo maior e real de resgatar toda a
raça humana, porém o Senhor não fará isto com prejuízo do livre-arbítrio que
Ele mesmo concede ao homem, pois seria contra Sua natureza, que é de dar às
pessoas a liberdade de escolha. ”Os céus
e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida
e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois, a vida, para que vivas, tu e a
tua descendência.” Deuteronômio 30:19. Deus não quer ser amado por pessoas
programadas, como se fossem máquinas, Ele espera que isso parta de nós como uma
criança ama sua mãe apenas por amar, sem interesse, ou medo de ser punida se
não o fizer. Não podemos amar a Deus por medo de ir para o inferno, isto não é
amor. Definitivamente, Deus não nos predestinou para a Salvação ou Morte Eterna
por mero capricho, pois se trata de algo relevantíssimo. Oras, mas alguém
poderá dizer: a Bíblia está cheia de exemplos em que Deus predestinou alguém
para fazer a sua vontade, e isto é verdade, pois O Senhor predestinou o faraó
dos tempos mosaicos, mencionou o rei Ciro antes de seu nascimento, chamou Jeremias
desde o ventre, pegou pesado com Jonas, selecionou os discípulos a dedo,
predestinou a Paulo e disse que Judas já era filho da perdição, diante de
tantas testemunhas fica difícil dizer que Deus não predestina pessoas. Mas, não
podemos ignorar que todos estes personagens foram selecionados para uma causa
específica, cujo propósito era em primeiro lugar; glorificar a Deus, e em
segundo lugar, atuar em um momento da história para que seu plano no contexto
humano fosse executado, estas pessoas não foram predestinadas para serem salvas
ou perdidas, a Bíblia nunca disse isto. Vejamos:
●Deus
endureceu o coração de faraó para nele ser glorificado.
●Anunciou
o nascimento do rei Ciro, quase duzentos anos antes, para restaurar a
dignidade do povo hebreu.
●Chamou
a Jeremias desde o ventre, para ser profeta.
●Irou-se
com Jonas quando este se recusou a pregar em Nínive.
●Escolheu
e nomeou os discípulos para que fossem e dessem frutos.
●Jesus
foi traído por Judas, para que se cumprissem as escrituras a seu respeito,
mas o próprio Jesus disse que Judas era um diabo (pois sua natureza era má).
●A
cerca de Paulo Ele disse: este é para mim um vaso escolhido.
Como
podemos ver, estas pessoas atuaram dentro de um plano específico na historia,
como cada um de nós temos um propósito em nossas vidas, mas elas não podem ser
salvas ou condenadas pelo que fizeram, pois a salvação não vem de obras, o
próprio apóstolo Paulo diz: “Não julgo ter alcançado...”Fl.3:13, e as escrituras afirmam que todos pecaram e
destituídos estão da Gloria de Deus. Rm. 3:23.
A
salvação é algo sobremodo glorioso para ser tratado de forma tão simplista, e a
perdição eterna, é a condenação mais aterradora e indescritível que um ser
humano pode receber - é o castigo definitivo e irremediável. É a ira de Deus
sobre os filhos da desobediência. Condenação eterna quer dizer, castigo sem
recurso por toda eternidade sem purgatório ou um novo julgamento. Foi por isto
que Deus enviou nada menos que seu próprio Filho, pois ninguém jamais poderia
cumprir a justiça de Deus.
FORTES ARGUMENTOS DA PREDESTINAÇÃO
Mas
alguém ainda poderá dizer que nas escrituras há textos irrefutáveis, onde a ideia
de perdição ou redenção seletiva é inegável, exemplos:
Em
Rm. 9:11-13 as Escrituras dizem que
Deus predestinou a Esaú e Jacó antes
de nascerem para que o seu propósito segundo a eleição ficasse firme e continua
dizendo que o Senhor amou a Jacó e aborreceu a Esaú antes mesmo que eles
fizessem algo bom ou ruim.
Em
Rm. 9:15-18 está escrito que Deus se
compadece de quem Ele quer, e tem misericórdia de quem quiser ter misericórdia,
de modo que não depende de nós, mas do Senhor, que tanto pode endurecer o
coração do homem, quanto compadecer-se dele. O texto continua, indagando o
leitor – Quem é o homem para questionar a Deus, se Ele quis fazer um vaso para
honra e outro para desonra?
No
versículo 4 da carta de Judas está anunciado que entraram no meio do povo,
alguns homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, mas já
haviam sido escritos para este juízo.
Em
l Pedro 2:8-9 o apóstolo nos informa
que Cristo foi posto como pedra de tropeço, para aqueles que tropeçam na
Palavra sendo desobedientes; para o que também foram destinados. O
escritor continua dizendo que os crentes são a Geração Eleita,
Sacerdócio Real, Nação Santa e Povo Adquirido, para anunciar as virtudes
dAquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.
Também
encontramos o Senhor dizendo em Isaias 6:
9-13, que o profeta deveria pregar, porém o povo não deveria entender a fim
de que não se convertessem e o Senhor os curasse. Parece que Deus está
deliberadamente permitindo que o povo não se converta até que tudo esteja
destruído. Esta mesma ideia é reforçada por Cristo em Mateus 13: 10-17.
A PREDESTINAÇÃO DENTRO PROPÓSITOS
DE DEUS DENTRO
Diante
de tantos textos aparentemente concordando com a doutrina da predestinação,
fica difícil argumentar uma posição contrária. Mas, a mensagem do evangelho
deve ser descortinada em sua totalidade, ou seja, devemos considerar o que está
implícito em cada ação de Deus em relação à humanidade num determinado momento,
e o desdobramento desta ação ao longo da nossa história. Desta forma podemos
entender que toda a rejeição visivelmente proposital que o Senhor tem pelo povo
de Israel em determinado momento, redunda na expansão do evangelho até nós, os
gentios. Imagine que o povo Hebreu não houvesse rejeitado a Cristo, que por sua
vez não seria sacrificado, ou que Paulo nunca fosse refutado pelos seus
compatriotas, ou se a igreja de Jerusalém nunca fosse dispersa pelos quatro
cantos do mundo devido à perseguição, o resultado disto seria simplesmente
catastrófico para nós, que jamais ouviríamos dizer que houvesse um Salvador.
Mediante isto só nos resta dizer: Ainda bem que o faraó não abriu um largo
sorriso de boas vindas a Moisés permitindo que ele levasse o povo de Israel à
liberdade - o que pareceria mais um gesto de boa vontade do faraó e um ato
heroico de Moisés do que uma ação soberana do Senhor a fim de mostrar a sua
grandeza. Glória a Deus que em
determinado momento tapou os ouvidos de seus escolhidos, para que nós fossemos
alcançados. Graças a Ele que sacrificou a vida dos primeiros crentes para que a
igreja se expandisse. Louvado seja o Senhor que permitiu que Paulo fosse lançado
a pregar o evangelho por todo o mundo conhecido daquela época, por amor de nós!
Porém o apóstolo Paulo também se regozija ao vaticinar que no final de tudo
Deus também salvará aqueles que o rejeitaram e se opuseram a Ele, qual José que
soube discernir que todo o mal que seus irmãos lhe fizeram resultou em algo
imensuravelmente melhor. Sobre este
assunto o Ap. Paulo usa três capítulos da Carta aos Romanos – vide Rom. Cap. 9
ao 11. Neste trecho da epístola, Paulo
nos informa que, já de antemão, o Senhor rejeita Esaú e escolhe a Jacó. Por quê? Porque Jacó era bonzinho e Esaú era
um crápula? Não, definitivamente não! O
apóstolo nos ensina que Deus fez assim porque já tinha um plano pré-definido na
execução da redenção humana, não foi algo que Ele estava criando conforme as
circunstâncias pra saber o que iria
acontecer depois, neste cenário já estavam previstos indivíduos comuns, reis,
profetas, escritores, imperadores e perseguidores, pois estes seriam os
componentes necessários para que se executasse a “Obra da Redenção” e todas as coisas concorreram juntamente
para o bem daqueles que amam ao Senhor e que foram chamados segundo o seu propósito.
Rom. 8:28. E o propósito de Deus é que todos os
homens se salvem, pois está escrito: “Se
com tua boca confessares que Jesus é o Senhor e no teu coração creres que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo... porque todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo.” Rom. 10:9,13. Neste raciocínio podemos dizer
que todas as pessoas que se levantaram contra a Igreja ao longo da história o
fizeram por ignorância, ou para um propósito específico do Senhor em sua vida.
E a hostilidade destas pessoas ao evangelho criou em nós a resistência
necessária para atravessarmos os séculos com todas as suas intempéries – muitos
de nossos perseguidores, creio eu, foram levantados pelo próprio Senhor para
nos despertar em certa altura de nossa caminhada até o Reino Celestial,
portanto não os vejo como perdidos mas como instrumentos. E a não ser que cada
um de nós, bons ou maus, confessemos o senhorio do Senhor Jesus Cristo, jamais
seremos salvos. É por isto que Paulo fecha o assunto fazendo uma das
declarações mais poderosas do evangelho, quando diz: “Irmãos não quero que ignoreis este mistério, para que não se tornem
presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a
plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo...” Rom.
11:25-26. O apóstolo continua dizendo
ainda, que o povo judeu tornou-se inimigo de Deus por nossa causa, assim como
nós, noutro tempos também o fomos, mas eles também alcançarão misericórdia como
nós alcançamos, a fim de que a graça seja igualmente eficaz para todos, pois
Deus colocou todos sob a desobediência. Neste momento o profeta apostólico
parece entrar em êxtase espiritual e recita o cântico de adoração:
“Ó profundidade da riqueza da
sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e
inescrutáveis são os seus caminhos. Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem
foi o seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu para que Ele o recompense? Pois
dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre!
Amem.”
Mas,
voltando à tese de John Owen, como já disse anteriormente, o autor não concebe
a ideia de que Cristo quis salvar toda a humanidade, porque nem toda a
humanidade foi salva. Owen conjectura
- Se Deus quis salvar a todos os homens,
porque não conseguiu? Teria Cristo falhado em seu plano? Se a
resposta for Sim, Colocamos em cheque toda a credibilidade do Evangelho
e estamos encrencados. Se a resposta é Não,
então há só uma explicação plausível: O sacrifício de Cristo foi eficaz dentro
de seu propósito, ou seja, Deus salvou a todos que Ele quis salvar, se o
restante da humanidade não foi salva, não foi porque Cristo falhou,
simplesmente, Ele não quis salvar e ponto. Pois ninguém pode resistir a Graça! Deus não Falha. Este argumento soa de forma piedosa, e exprime
um pensamento de fidelidade e temor a Deus, mas, não ultrapassa o limite da
razão humana para tentar explicar o que só pode ser entendido à luz da Palavra
de Deus e segundo a revelação do Espírito Santo.
CONFUSÃO HERMENÉUTICA
Na
defesa de seu ponto de vista, Owen explica o texto de João 3:16 da seguinte
forma: Quando a Bíblia diz que Deus amou
o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que
nele crer não pereça mas tenha a vida eterna; Não se está falando que Deus
amou o Mundo generalizado ou universal (todos os homens). Mas sim, o mundo dos
escolhidos, quer dizer, o mundo aqui explicado, é como se uma pessoa dissesse
aos seus amigos: “Pessoal, entre vocês, eu amo todo mundo, sem distinção.” A
expressão “mundo” foi empregada
apenas para definir a coletividade dos amigos, e não que a pessoa ame o mundo
inteiro.
Supomos
então que esta interpretação estivesse correta – “Deus amou o mundo (dos escolhidos) de tal maneira que deu o seu
filho unigênito,...”. Neste caso
teríamos um problema maior ainda por conta do restante do texto - “...para
que todo aquele que nele crer, não pereça mas tenha a vida eterna.”
Note
que o texto original impõe uma clara condição: “para quê todo aquele que nele crer”
Ainda
que “o mundo”exposto por Owen fosse
mesmo apenas um grupo de pessoas pré-definido ou eleito, dentro deste grupo,
segundo o texto, ainda haveria a possibilidade de alguém não crer, do contrário
não haveria a necessidade de se mencionar esta condição. Neste caso o fracasso
seria ainda maior, porque alem de ser um grupo menor que toda a humanidade,
dentro deste grupo ainda haveria os que
podem não ser salvos por não crerem. Em outras palavras, a diminuição do termo mundo não justifica a doutrina da
pré-eleição.
A FÉ COMO CONDICIONANTE PARA A
SALVAÇÃO
Os defensores do movimento
calvinista afirmam que Deus não pode exigir do homem que este creia para ser
salvo, pois a fé que o as pessoas precisam para serem redimidas vem do próprio
Deus. Nesta teoria o homem por si só, não pode exercer a fé, pois o ser humano
está morto em suas concupiscências.
Exercer a fé não depende dele, mas de Deus. A passagem bíblica para
justificar esta afirmação é o clássico: Efésios 2:08 – “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus.” John Owen explica com
este texto, que até a fé para sermos salvos é obra exclusiva do Espírito Santo.
Nós não podemos, ainda que queiramos, ter fé. Pois a fé para salvação é dada
apenas a quem Deus quer que seja salvo. Portanto, as pessoas que tem esta fé,
são aquelas que o Senhor já predestinou. E isto lhes foi dado pela Graça, “não vem de vós”. Porém, o foco principal do texto em
apreço (Efésios 2:08), não é a Fé, e sim a Graça, pois é a Graça que não vem de nós, ela foi nos dada
gratuitamente da parte de Deus. Partiu de ele abrir o caminho da reconciliação,
foi dele que veio a iniciativa. Partiu do coração de Deus nos enviar Jesus
Cristo e pagar o preço da nossa redenção. E é neste sentido que o Apóstolo
Paulo afirma – “Isto não vem de vós, é
dom de Deus.” E Cristo morreu por nós, porque, todo e
qualquer esforço humano para tentar pagar o preço da reconciliação fracassou e
fracassará, pois sabemos que todas as religiões, cerimônias e rituais pagãos,
inclusive com sacrifícios terríveis, jamais foram eficazes na tarefa de
reconciliar o homem com Deus, pois estávamos mortos em nossos pecados. Mas a
Bíblia nos conforta quando lemos: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados..." 2 Coríntios 5:19. Quando a Bíblia diz
que estamos mortos em nossos pecados.
Ef. 2:1-5, devemos entender que não se
trata da morte de nossas consciências, mas do estado de separação que o pecado
causou entre Deus e nós. Esta condição nos tornou seres deploráveis e
promíscuos por falta da vida de Deus em nós. E separação de Deus é a morte. Mas quanto à nossa consciência, ela está bem
viva e nos condena. Vejamos o que o
texto sagrado nos diz: “Porque, quando os
gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não
tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita
em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de
julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.”
Romanos 2:14-16. Portanto os homens
estão separados de Deus por causa do pecado e mortos em suas obras, porém
nossas almas anseiam por redenção como toda a criação. Então qual o papel da fé na redenção? A
resposta está no próprio texto de Efésios 2:08 – Porque pela graça sois salvo, mediante a fé.- A fé é o
agente mediador, ou seja, é o instrumento que o Espírito Santo usa para nos
comunicar a salvação. O homem é um ser
dotado da capacidade de crer, pois isto lhe é inerente dada a sua natureza
mental e espiritual, por isto invariavelmente o homem está sempre buscando uma
forma de crença ou adoração. Em todas as gerações e espécies de povos, a raça
humana anseia pelo transcendental e isto é inegável. A ação do Espírito Santo é
direcionar esta fé para o Deus Verdadeiro. Logo a fé é um pré-requisito para
que o homem se chegue a Deus, pois sem fé é impossível agradá-LO. E todos nós
de maneira ativa ou adormecida possuímos esta fé naturalmente, por isto o
Evangelho nos conclama dizendo: “Desperta,
tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá!” Efésios
5:14. Foi por causa desta fé congênita
nos homens que Paulo encontrou em Atenas um panteão de deuses, e entre esses,
viu um altar ao “Deus Desconhecido” cujo assunto tornou-se o tema da pregação
do apóstolo.
A
FÉ COMO EXIGÊNCIA DE DEUS
Apesar de Owen afirmar que Deus não pode exigir que
o homem tenha fé por si próprio, a Bíblia está permeada de textos onde o Senhor
repreende o homem por não ter
fé, e em outras situações o Senhor coloca a fé como necessária para que Ele
opere em favor do homem. Vejamos algumas passagens bíblicas onde o homem é
repreendido por ser incrédulo:
►Homens de
pouca fé e tardios para crer – Mateus 6:30, Lucas 24:25, Marcos 4:40, João
5:47, João 6:36, João 20:27, Marcos 16:14, Lucas 1:20 etc.
►Reprovados
na fé – II Timóteo 3:08, I Timóteo 1:19, I Timóteo 4:01, I Timóteo
5:08, I Timóteo 6:10, Hebreus 3:19, Apocalipse 21:08.
►A fé como condicionante para a ação de Deus –
Marcos 16:16, João 8:24, João 3:36, João 9: 35 Atos 16:31, Hebreus 11:06, Tiago
2:23, Lucas 17:06, etc.
O Irmão John Owen, também insinua que a falta de fé
não pode ser considerada pecado, visto que é independente da vontade
humana. Mas as escrituras relacionam a
incredulidade como um dos pecados que levarão o homem para a morte eterna, vide Apoc. 21:08. Mas se Deus não me deu
a faculdade de exercer a fé, como Ele poderia me condenar por isto. Seria o
mesmo que condenar um gato por não latir, ou um professor reprovar um aluno por
uma matéria que ele não ensinou.
Isto é um contra senso ridículo. Logo, só podemos deduzir que a fé seja
algo inerente ao homem, e isto foi dado por Deus a cada ser humano. Todos nós
podemos exercer a fé. Ao homem cabe a escolha de querer crer ou não. É Por isto
que as escrituras estão cheias de passagens convidando o homem a crer no
evangelho, Porém, se crer está além de sua vontade, ele jamais poderia
responder a este apelo positivamente e o convite não teria sentido algum.
O Espírito Santo entra em ação todas as vezes que
ouvimos o evangelho, mas cabe ao homem abrir o coração e permitir que a palavra
entre e produza a transformação em sua alma, foi por isto que Jesus disse: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém
ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e
ele comigo”. Apocalipse 3:20. E diferente do que dizem os prédestinistas,
os homens podem sim, resistir à graça, do contrário não haveria necessidade de
adverti-los contra esta prática, vejamos:
“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não
endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no
deserto.” Hebreus 3:7-8 E
ainda: “Determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo
depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos
corações.” Hebreus 4:7. Ler
também: “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre
resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”. Atos 7:51. E em II Timóteo 3:7-8 está escrito: “Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao
conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim
também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e
réprobos quanto à fé.”
Owen também diz que, se Cristo pagou por todos os homens, mas só está levando alguns, seria
o mesmo que dizer que alguém pagasse por uma dúzia de ovos e só levasse a metade. E isto ninguém faz. Mas o fato
de parte dos homens rejeitarem a Graça, não faz o sacrifício de Cristo menor,
pois Ele deixou bem claro que vale a pena deixar tudo por uma alma. Vale a pena
deixar as noventa e nove ovelhas no aprisco pra buscar a perdida. Sim, Deus
amou toda a humanidade, e veio por cada homem nascido na terra. Pela Graça
somos salvos!
O desejo Real de Deus
A Bíblia é totalmente clara quando fala do desejo de Deus para com o
homem (raça humana), pois Ele diz em sua palavra: Dize-lhes: “Vivo eu, diz o
Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se
converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus
caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ezequiel 33:11. Em I Timóteo 2: 1-4 o Evangelho nos diz: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se
façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os
homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos
uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom
e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se
salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” Logo, se Deus quer que todos os homens se
Salvem, então a salvação não é somente para alguns. Pois se assim o fosse, este
texto seria uma mentira, ou estaria no mínimo, mal formulado, mas manter esta
opinião só para defender uma posição teológica, é entrar por uma vereda muito
perigosa.
QUAL É MAIOR: O PECADO OU A GRAÇA?
Coloquemos outra questão em discussão. Se o pecado é universal, visto
que por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte passou a todos
os homens, Rom. 5:12, também é
verdade que por Cristo veio a Graça a todos os homens. Rom. 5:18. E se o pecado passou a todos os homens e a Graça veio
apenas para alguns, segue que o poder do pecado é maior que a eficácia da Graça,
ou que Deus esteja mentindo quando afirma em Ezequiel 33:11, que não tem prazer
na morte do pecador, pois neste caso Ele não estaria interessado em salvá-lo.
Isto chega ao limite não só de minimizar o Sacrifício de Cristo, como de soar
como blasfêmia, pois a Bíblia é categórica ao afirmar: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens
para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos
os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão
feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o
pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na
morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus
Cristo nosso Senhor.” Romanos 5:18-21. A Graça é maior. Aleluia!
A ABRANGÊNCIA DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
Outra dificuldade que impede Owen de entender a universalidade do amor
de Deus, é o fato de Milhões de pessoas morrerem sem jamais ouvirem falar de
Cristo, daí sua indagação: Se Deus quer que todas os homens se salvem, porque
permite que elas morram sem nunca ouvir falar de salvação? Parece uma pergunta
pertinente, visto que é uma dúvida da grande maioria das pessoas, mas esta é
uma suspeita que perdura até nos apercebermos de algumas verdades.
1 – Jesus
pagou de uma só vez, e em um único ato, o preço de nosso resgate. Rom.
5:18. Quando Adão pecou, toda a raça humana adquiriu por herança a condenação do
pecado. Todos deveriam pagar. Em que consiste este pagamento? – Cumprir a
justiça de Deus. Porém isto seria impossível ao homem por causa de sua natureza
pecaminosa. Então veio Cristo e cumpriu toda a justiça de Deus, através de sua
morte justificou todos os homens. Gálatas
4:4. Quando Cristo expirou na cruz,o véu do templo foi rasgado e o caminho
ficou livre para todos os homens quer judeus quer gregos, livres ou servos. A
partir daí, Deus não poderia cobrar da humanidade algo que seu próprio Filho já
pagou. Sendo assim, Cristo readquiriu o direito de toda a humanidade voltar a
Deus, sem distinção. Isto é tão sério e importante que o apóstolo Pedro nos
escreve que até mesmo os que morreram antes de Cristo foram por Ele
evangelizados no mundo espiritual: “Porque
também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para
levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo
Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro
tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé,
enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram
pela água.” 1 Pedro 3:18-20. E ainda “Porque
por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade,
fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em
espírito.” 1 Pedro 4:6. E isto é confirmado em Efésios: “Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro,..”.Efésios
4:8.
2 – O Poder do Sacrifício de
Cristo, Ultrapassa as Fronteiras
Eclesiásticas. Poderá Alguém
perguntar ainda. “E os milhões que morreram após a ressurreição de Cristo, sem
nunca ouvirem dizer que há um salvador, pois a Igreja jamais conseguiu alcançar
a todos?” Digo que também, Cristo morreu por eles, e terá sua maneira de
julgá-los, pois eles estão incluídos no preço do resgate. A respeito destes
disse o Senhor: “E o servo que soube a
vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será
castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de
açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado,
muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”Luc. 12:47.48 Isto deixa claro que
haverá um grau de rigor para cada pessoa, segundo o seu conhecimento da
justiça. Outro texto que reforça este pensamento está em Lucas 10:12-14, quando
o Senhor diz: “E digo-vos que mais
tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade. Ai de ti,
Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as
maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco e cinza, se
teriam arrependido. Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no juízo,
do que para vós.” A Bíblia também nos informa que ainda que o homem não
conheça a Deus, como nos foi revelado pelo Evangelho, contudo ele será julgado
pelas leis universais que Deus estabeleceu no coração de cada ser humano e
estas leis são expressas em suas consciências de acordo com o Evangelho de
Cristo. Em outras palavras o Evangelho apenas revela o que está oculto na
consciência do Homem. A cerca disto o Apóstolo Paulo nos assevera: “Porque, quando os gentios, que não têm lei,
fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos
são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando
juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer
defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por
Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:14-16. C.S.Lewis, chama
esta ação da consciência de Lei Moral ou Lei da Natureza Humana. Chego a conclusão de que, ainda que uma
pessoa não tenha conhecido o evangelho, isto não muda o fato de que o preço da
expiação já tenha sido pago por ela, pois Cristo morreu por nós,
independentemente de o termos conhecido. Pressupõe-se que as pessoas que não
ouviram o Evangelho serão julgadas por suas consciências, e isto é facultado
apenas ao homem e a nenhuma outra criatura na Terra. A própria natureza revela
a manifestação divina. O homem é dotado de alma, e esta alma atesta a
existência de Deus, que lhe impõe preceitos morais e éticos, para fazer o certo
ou o errado conforme sua consciência e isto é confirmado em Romanos 1:
18-25 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e
injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus
se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas
coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a
sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão
criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus,
não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se
desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios,
tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por
isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia,
para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em
mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém.” Este texto
mostra que o homem é por natureza um ser religioso, basta observar as milhares
de divindades criadas e a busca por um ser sobrenatural nos céus, nos rios e na
natureza, além da enorme gama de religiões. Isto nos mostra uma humanidade
ávida por aproximar-se de Deus, porém sem direção. Dizer que estes bilhões de
pessoas serão lançados no Lago Que Arde Com Fogo e Enxofre irremediavelmente,
porque na economia divina Deus já havia determinado que assim o seria, é fazer
de Deus um ser pior que todos os deuses pagãos e contraria tudo o que Jesus
falou: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” João
3:16-17. Outrossim, Jesus jamais falou
que o inferno foi preparado para o homem, mas para o diabo e seus anjos. Ainda
que as pessoas que fazem a vontade do inimigo serão condenadas com ele. “Então dirá também aos que estiverem à sua
esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos.” Mateus 25:41.
O PODER SUPERABUNDANTE
DA GRAÇA
Agora
entrarei num assunto que é o outro extremo da Teologia da Salvação. Talvez este
ponto de vista cause estranheza à maioria dos que já tem um conceito formado a
respeito da soteriologia, o que eu aceito, e me coloco aberto à discussão.
Quando
se fala de redenção, creio que as Escrituras falam de duas categorias de povos:
Igreja e Salvos do Inferno. Quero dizer que nem todos os que escaparem do
Lago que Arde com Fogo e Enxofre, necessariamente são participantes da Igreja –
Noiva. Sei que pareço herege ao afirmar tal coisa, mas por favor, antes de me
atirarem à fogueira, deixe-me explicar o que vejo. Cabe antes de tudo pontuar
que a escola que adoto é a de visão pré-tribulacionista – arrebatamento da
igreja antes da Grande Tribulação, por entender que é, a que melhor se alinha a
mensagem bíblica. Não quero aqui entrar na discussão sobre outras linhas de
entendimento sobre o arrebatamento da Igreja, esta informação é apenas para que
tenhamos um ponto de partida. Isto posto, vamos ao raciocínio.
1– A Igreja é a Geração Eleita,
Sacerdócio Real, Nação Santa, Povo Adquirido – “Mas
vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.” 1 Pedro 2:9
2 - Cristo virá e arrebatará sua
Igreja – “Porque o
mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta
de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que
ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar
o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” 1
Tessalonicenses 4:16-17. E ainda: ” Eis aqui vos digo um mistério: Na
verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento,
num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e
os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque
convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto
que é mortal se revista da imortalidade.” 1 Coríntios
15:51-53, vide também, Mateus 24:30-31, Mateus 24:40-42.
3 – A Igreja participará da
Primeira ressurreição - “Mas
os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a
primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes
de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.”
Apocalipse 20:5-6
4 – A Igreja não participará da
Aflição que há de vir sobre todo o Mundo –
“Mas, quando
somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com
o mundo”. 1 Coríntios 11:32. E também, “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos
para o dia do juízo, para serem castigados.” 2 Pedro 2:9, e ainda, “Como guardaste a palavra da minha
paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo
o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Apocalipse 3:10
5 – A Igreja participará do Tribunal
de Cristo – “Mas
tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois
todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.” Romanos
14:10. Ler também: “Porque todos devemos
comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que
tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” 2 Coríntios 5:10, veja
ainda: “Mas, quando somos julgados, somos
repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” 1
Coríntios 11:32.
6 – Este Tribunal Será para
julgamento das obras dos crentes e não para salvação ou condenação – “Porque ninguém pode pôr outro
fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre
este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira,
feno, palha. A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará,
porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.
Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo,
todavia como pelo fogo.” 1 Coríntios 3:11-15.
7 – A Igreja julgará o mundo – “Não sabeis vós que os santos hão
de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura
indignos de julgar as coisas mínimas?” 1 Coríntios 6:2
8 – A Igreja julgará os anjos – “Não sabeis vós que havemos de
julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?”
1 Coríntios 6:3
9 – A Igreja terá poder sobre as
nações – “E
ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre
as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de
oleiro; como também recebi de meu Pai.” Apocalipse
2:26-27.
10 – A igreja é Reino e Sacerdócio
– “E cantavam um novo
cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque
foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e
língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e
eles reinarão sobre a terra.” Apocalipse 5:9-10.
11 - A igreja é simbolizada como a esposa do
cordeiro, A Nova Jerusalém - “E veio a mim um
dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou
comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me
em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa
Jerusalém, que de Deus descia do céu.” Apocalipse
21:9-10.
Sintetizando
as informações, temos as seguintes prerrogativas atribuídas à Igreja de
Cristo:
1– A Igreja é a Geração Eleita,
Sacerdócio Real, Nação Santa, Povo Adquirido.
2 - Cristo virá e arrebatará sua Igreja.
3
–
A Igreja participará da Primeira ressurreição.
4
– A Igreja não participará da Aflição que há de vir sobre todo o Mundo.
5
– A
Igreja participará do Tribunal de Cristo.
6
– Este Tribunal Será para julgamento das obras dos crentes e não para salvação
ou condenação.
7
– A Igreja julgará o mundo.
8
– A Igreja julgará os anjos.
9
– A Igreja terá poder sobre as nações.
10
–
A igreja é Reino e Sacerdócio.
11
- A igreja é simbolizada como a esposa do cordeiro, A Nova Jerusalém.
Diante
de tais explicações, fica claro que a Igreja de Cristo é uma categoria de
pessoas especiais, que não serão julgadas com o mundo na segunda ressurreição
que se dará no juízo do Grande Trono Branco descrito em Apocalipse 20:11-15.
Este julgamento ocorre após a segunda ressurreição. Nesta ocasião a Igreja já
estará com Cristo reinando, pois ela já foi justificada pelo sangue do
cordeiro, não tendo mais necessidade de ser julgada pois seus pecados foram
apagados. O papel da Igreja neste momento será o de testemunhas de que o mundo
não poderá desculpar-se. “Portanto nós também, pois que estamos
rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o
pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos
está proposta.” Hebreus 12:1 Por isto o Evangelho diz que nós havemos de
julgar o mundo. “Não sabeis vós que os
santos hão de julgar o mundo?” 1 Coríntios 6:2. Mas, se a igreja não fará parte dos réus,
significa que quem será julgado é o restante do mundo. Porém o texto que trata
deste julgamento diz:
“E Aquele
que não foi achado inscrito no livro da
vida foi lançado no lago de fogo.” Apocalipse 20:15. Logo, se as pessoas
que não foram achadas no Livro da Vida foram lançadas no lago de fogo, e este
livro está aberto juntamente com os Livros das Obras, subentende-se que
houveram pessoas que também foram encontradas no Livro da Vida, pois se fosse
um cerimonial apenas de condenados não haveria a necessidade de julgamento. Portanto
se houve pessoas que não foram achadas no Livro da Vida, também é válido dizer
que houve pessoas que o foram. E não podemos ser ingênuos a ponto de achar que
estas pessoas salvas são apenas o remanescente da Igreja que não participou do
arrebatamento, pois a Igreja regerá as nações com vara de ferro e quem serão
estas nações? A Nova Jerusalém é
descrita em Apocalipse 21:09, como a Esposa e Mulher do Cordeiro. Sabemos que a
Esposa do Cordeiro é a Igreja. Nesta Nova Jerusalém entrarão apenas os
inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. As nações andarão à luz desta Nova
Jerusalém e os reis da terra trarão a ela glória e honra. Apocalipse 21: 24-27. Ora se há nações que trarão tributos e honra
à Noiva, logo não são a Noiva. Segue-se que Cristo não salvou apenas a Noiva do
inferno. Sabemos então que a Noiva do Cordeiro é uma linhagem de salvos
excelentíssima, que terá privilégios outorgados somente a ela dado a sua
natureza. Mas não podemos ignorar que Deus tem um plano para todo o restante da
humanidade que não está enquadrada na Igreja.
RESUMO
DO RACIOCÍNIO
Concluo o meu
entendimento a cerca da Graça da seguinte maneira, e sem intenção de ser
profundo e muito menos de resolver a discussão, apenas pontuar o que vejo:
1 – A Igreja -
é a Noiva do Cordeiro, gloriosa, santa, imaculada. Dela faz parte todo aquele
que receber a Cristo Jesus como Único Senhor e Salvador, quer judeu quer gentio
de todos os lugares da Terra e que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma
multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e
línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes
brancas e com palmas em suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação
ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos
estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se
diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Dizendo: Amém. Louvor, e
glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus,
para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão
vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor,
tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, e
lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão
diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele
que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão
fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque
o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia
para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.”
Apocalipse 7:9-17.
2 – O Mundo – pelo
qual Jesus Cristo pagou o pecado original, cometido por Adão, cuja ação lhe
trouxe a morte. “No dia seguinte João viu
a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo.” João 1:29. “Pois
assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os
homens para justificação de vida.” Romanos 5:18. “Porque
assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por
um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão
vivificados em Cristo.” 1 Coríntios 15:21-22. O Mundo é composto pelo restante das nações
que não participarão das glórias e nem das Bodas entre o Cordeiro e a Igreja,
pois serão nações que levarão honras e tributos à noiva que os regerá com vara
de ferro. Entre estas pessoas estão
aquelas que são remanescentes da igreja não arrebatada, os gerados durante o
milênio e também aqueles que mesmo não tendo conhecido a Cristo, foram julgados
por suas obras como já expus anteriormente, pois não tiveram a oportunidade de
conhecê-lo, porém o Senhor já pagou no calvário o preço por todas elas. Mas aí, pergunta-se. E quem vai para o inferno
se Cristo livrou a todos? Não há mais a necessidade de se pregar o Evangelho? De modo algum. O Evangelho é o anúncio
veemente de que Deus não está satisfeito com a condição humana, de estar tateando
entre o certo e o errado, e Cristo é a nossa referência da vontade de Deus. O
desejo de Deus é que todos participem da natureza de Cristo. A vontade do
Senhor é que todos participem de sua Igreja: “E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha
casa se encha”. Lucas 14:23. Não podemos ser mesquinhos a ponto de nos
deixar levar apenas por “Livres do Inferno” pois esta condição é dada somente
àqueles, não subiram no arrebatamento da Igreja e passarão pelas agruras da grande
Tribulação, como também pelos que estarão aqui no Reino Milenar de Cristo e
pelos que não conheceram a Cristo e nem ouviram falar de seu nome, e mesmo
assim, passarão pelo crivo de suas consciências e deverão ser julgados pelos padrões
do evangelho de Cristo. E isto é muito perigoso. “No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus
Cristo, segundo o meu evangelho”. Romanos 2:16.
E
quanto a quem vai para o inferno? A Bíblia diz: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos
homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os
mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a
segunda morte”. Apocalipse 21:8. Esta é uma lista de pessoas que preferiram
optar pelo pecado mesmo quando suas consciências os condenaram. Também é a
lista dos que negaram a Cristo mesmo conhecendo que Ele era o Único caminho de
reconciliação com o Pai. Neste caso a boa nova do Evangelho foi a pior noticia
que eles poderiam ouvir, pois escolheram a morte, quando lhes foi proposta a
Vida. Preferiram ser Mundo, quando convidados a ser Igreja. Arriscaram alto, e
perderam suas almas. Então, o que leva o homem ao inferno? – Suas
escolhas. Portanto termino dizendo
o que Paulo proclamou em sua segunda carta aos coríntios: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” 2 Coríntios 5:19. Cristo não veio salvar apenas
uma multidão que em nossa limitação, pensamos ser apenas a Noiva, mas também
restaurar todas as coisas perdidas pelo pecado. Ele mesmo disse “E vim salvar o que se havia perdido. E
pelo que sabemos tudo estava perdido. Logo, tudo precisava ser restaurado. Não
apenas alguns. Por isto está escrito: “E
o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço nova todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são
verdadeiras e fieis”. Apocalipse 21:5.
Deus em Cristo, veio resgatar o
que era seu por direito
– A Humanidade. Pois a sua essência é Amor. Deus
é amor. E de todos os dons, o mais
excelente é o amor. Amém.
Soli Deo Glória!
Luciano Miranda Bispo
Servo do evangelho, por
Graça.
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